sexta-feira, 13 de novembro de 2009

GOL PORCO

Gol Porco, não precisa falar muita coisa não é mesmo?

Caralho como eu sou velho, isso foi em 1993, o Corinthians perdeu pro Zé Aragão e foi uma robalheira do inferno seguido por um chocolate, mas sempre sobra umas lições. Na epoca eu era ofice-boy, na segunda-feira eu tava no Brás fazendo uma entrega, e ao passar em frente dum sapateiro vi ao fundo um quadro feito com a foto do "gol porco" e essas palavras: - Vitorias e derrotas são passageiras, mas esse momento eles não vão nos tirar nunca.

Corinthians por Mauro Beting




São 5000 jogos corintianos no domingo, contra o Bragantino.

Poucos foram no primeiro.Muitos irão no jogo 500000000000000000000000....

Como muitos torceram contra nos 4999 anteriores.
É a conta que se paga por tanta paixão.

As maiores torcidas do país não são as de Flamengo e Corinthians. São as torcidas anti-flamenguistas e anti-corintianas.

Sei de gente que ama odiar os mais populares times do país. Sei de torcedor que preferiu ver o rebaixamento ao próprio timecampeão. Sei de gente que torce mais contra que a favor.
Não se pode recriminar. Faz parte do jogo.

Mas quem, como eu, não é Corinthians, de fato, não sabe falar pelo corintiano.

Queria dar o espaço a tantos amigos e colegas corintianos. Eles falam e sentem e sofrem e vibram melhor.

Só que acho mais sincero um depoimento de quem não é. Mas que respeita demais quem é. Quem nasceu Corinthians. Quem morreu Corinthians.

Quem vive Corinthians - porque viver um amor desse não se usa no passado, nem no futuro. É um presente. É um dom. É uma doação, mesmo quando mais parece uma danação.

Como foi de 1954 a 1977. Como foi a Série B. Como gosta o "maloqueiro e sofredor, graças a Deus".

É sina. Que não se explica, que fascina até quem não é, até quem não gosta.

Não sei explicar o Corinthians. Nem os corintianos conseguem.

Só sei que o jogo 5000 é um marco. Marca. Uma festa.

Mas, no fundo, é mais um jogo para quem nunca vai abandoná-lo.

Tanto faz se é 4999 ou 5001. Tanto faz se vai ter Rivellino ou Bruno Octavio em campo. Não importa o campeonato, o amistoso, o adversário.

Importa é que o Corinthians vai estar em campo.

Aliás, que não me leiam: não importa nem mesmo se o Corinthians estará jogando.

O que importa é que haverá no estádio e em cada canto um fiel. Um estado de espírito alvinegro.
Um torcedor que acredita sem ter o porquê; que torce sem ter por quem; que joga sem ter com quem.

O corintiano não torce por um time. Ele torce pela torcida.

Por isso, não precisa a equipe estar em campo. Basta um corintiano encontrar um corintiano pela cidade. Esse é o jogo. Essa é a alegria. Essa é a vitória.

Esse é o título incontestável. Um torcedor que se sente campeão só dever um outro torcedor.

Isso não explica nem de longe o que é o Corinthians. Mas, do lado de cá (do microfone e da imprensa há 17 anos, da arquibancada a minha vida toda), posso dizer que não é preciso o Corinthians entrar em campo para vencer.